MomenTUm
"A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério.
Essa é a fonte de toda a arte e ciências verdadeiras."
( Albert Einstein )
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Ego, o Falso Centro
Ego, o Falso Centro
O primeiro ponto a ser compreendido é o ego.
Uma criança nasce sem qualquer conhecimento, sem qualquer consciência
de seu próprio eu.
A primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma: se
torna consciente do outro.
O nascimento é isso: significa vir a este mundo, o mundo exterior.
É desta maneira que a criança cresce. Primeiro ela se torna consciente
do você, do tu, do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com
você, tu, ela se torna consciente de si mesma.
Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente
de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que esta
pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se ela aprecia a criança, se
diz: "Você é bonita", se ela a abraça e a beija, a criança sente-se
bem a respeito de si mesma. Agora um ego está nascendo. Através da
apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é boa, ela sente que
tem valor, ela sente que tem importância. Um centro está nascendo. Mas
esse centro é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A
criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros
pensam a seu respeito.
E esse é o Ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém
pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém
lhe sorri, então, também, um ego nasce - um ego doente, triste,
rejeitado, como uma ferida; sentindo-se inferior, sem valor. Isso
também é o ego. Isso também é um reflexo.
Primeiro a mãe - e mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros
se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E quanto mais o mundo
cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos
outros são refletidas.
O ego é um fenômeno acumulativo, um subproduto do viver com os outros.
Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a
desenvolver um ego. Mas isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um
animal. Isso não significa que ela virá a conhecer o seu verdadeiro
eu, não.
O Verdadeiro pode ser conhecido somente através do falso, portanto, o
ego é uma necessidade. Temos de passar por ele. Ele é uma disciplina.
O verdadeiro pode ser conhecido somente através da ilusão. Você não
pode conhecer a verdade diretamente. Primeiro você tem que conhecer
aquilo que não é verdadeiro; o que é falso. Através desse encontro,
você se torna capaz de conhecer a verdade.
Se você conhece o falso como falso (torna-se consciente), a verdade
nascerá em você.
O ego é uma necessidade; é uma necessidade social, é um subproduto
social.
Tudo, menos você, é a sociedade. E todos refletem. Você irá para a
escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com
outras crianças e elas refletirão quem você é. Pouco a pouco, todos
estão adicionando algo ao seu ego, e todos estão tentando modificá-lo,
de tal forma que você não se torne um problema para a sociedade. Eles
não estão interessados em você, mas sim, na sociedade. Eles não estão
interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si
mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no
mecanismo da sociedade.
Você deveria ajustar-se ao padrão. Assim, estão tentando dar-lhe um
ego que se ajuste à sociedade. Ensinam-lhe a moralidade, que significa
dar-lhe um ego que se ajustará à sociedade. Se você for imoral, você
será sempre um desajustado em um lugar ou outro. A sociedade não se
preocupa com moralidade. Moralidade significa simplesmente que você
deve se ajustar à sociedade. A moralidade é uma política social. É
diplomacia. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se
ajuste à sociedade; e isso é tudo, porque a sociedade está interessada
em membros eficientes. A sociedade não está interessada no fato de que
você deveria chegar ao auto-conhecimento (ao conhecimento do Ser
Divino que você é!). A sociedade cria um ego porque o ego pode ser
controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado.
A criança necessita de um centro; a criança está absolutamente
inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a
criança pouco a pouco fica convencida de que este é o seu centro, o
ego dado pela sociedade. O ego está sempre abalado, sempre à procura
de alimento, de alguém que o aprecie. É por isso que você está
continuamente pedindo atenção. Você obtém dos outros a idéia de quem
você é. Não é uma experiência direta. Eles modelam o seu centro. Esse
centro é falso, porque você contém o seu centro verdadeiro; ninguém o
modela, você vem com ele, nasce com ele. Assim, você tem dois centros.
Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela própria existência.
Este é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade - o ego.
Ele é algo falso - e é um grande truque. Através do ego a sociedade
está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira,
porque somente então a sociedade o aprecia. Você tem que caminhar de
uma certa maneira; você tem que rir de uma certa maneira; você tem que
seguir determinadas condutas, uma moralidade, um código. Somente então
a sociedade o apreciará, e se ela não o fizer, o seu ego ficará
abalado. E quando o ego fica abalado, você já não sabe onde está, quem
você é.Os outros deram-lhe a idéia. Essa idéia é o ego. Tente entendê-
lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser jogado fora
ou nunca será capaz de alcançar o eu. Por estar condicionado, no
centro, você não pode se mover, e você não pode olhar para o eu.
Haverá um período intermediário, um intervalo, quando o ego estará
despedaçado, quando você não saberá quem você é, quando você não
saberá para onde está indo, quando todos os limites se dissolverão.
Você estará simplesmente confuso, um caos. Devido a esse caos, você
tem medo de perder o ego. Mas tem que ser assim. Temos que passar
através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se você for
ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no
ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito,
muito longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas.
Precisamos ser ousados, corajosos, dar um passo para o desconhecido.
Por um certo tempo, todos os limites ficarão perdidos. Por um certo
tempo, você vai sentir-se atordoado. Por um certo tempo, você vai
sentir-se muito amedrontado e abalado, como se tivesse havido um
terremoto.
Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a
cair no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro
de você, um centro que você tem carregado por muitas vidas. Uma vez
que você se aproxime dele, tudo muda, tudo volta a se assentar
novamente. Mas agora esse assentamento não é feito pela sociedade.
Agora, tudo se torna um cosmos e não um caos; nasce uma nova ordem;
não é a ordem da sociedade - é a própria ordem da existência. Não é
feita pelo homem. É a própria ordem da existência. Então, de repente,
tudo volta a ficar belo, e pela primeira vez, realmente belo, porque
as coisas feitas pelo homem não podem ser belas. No máximo você pode
esconder a feiúra delas, isso é tudo. Você pode enfeitá-las, mas elas
nunca podem ser belas.
A diferença é a mesma que existe entre uma flor verdadeira e uma flor
de plástico ou de papel. O ego é uma flor de plástico, morta. Não é
uma flor, apenas parece com uma flor. E essa coisa de plástico é
apenas uma coisa e não um florescer. Ela está morta. Não há vida nela.
Você tem um centro que floresce dentro de você. Por isso os hindus o
chamam de lótus - é um florescer. Chamam-no de o lótus das mil
pétalas. Mil significa infinitas pétalas. O centro floresce
continuamente, nunca para, nunca morre. Mas você está satisfeito com
um ego de plástico. O ego tem uma certa qualidade - ele está morto. É
de plástico e é muito fácil obtê-lo, porque os outros o dão a você
(doações de fora). Você não o precisa procurar; a busca não é
necessária para ele. Por isso, a menos que você se torne um buscador à
procura do desconhecido, você ainda não terá se tornado um indivíduo.
Você será simplesmente uma parte da multidão.
Você é apenas uma turba (uma multidão em desordem).
Quando você não tem um centro autêntico como você pode ser um
indivíduo?
O ego não é individual: é um fenômeno social, não é você. Mas ele lhe
dá um papel na sociedade, uma posição na sociedade. E se você ficar
satisfeito com ele, você perderá toda a oportunidade de encontrar o
eu. E por isso você é tão infeliz. Com uma vida de plástico, como você
pode ser feliz?
Com uma vida falsa, como você pode ser extático e bem-aventurado? E
esse ego cria muitos tormentos, milhões deles. Sempre que você estiver
sofrendo, tente simplesmente observar e analisar, e você descobrirá
que, em algum lugar, o ego é a causa do sofrimento. E o ego continua
encontrando motivos para sofrer. O ego entra em conflito com outros
continuamente porque cada ego está extremamente inseguro de si mesmo.
Tem que estar - ele é uma coisa falsa. Quando você nada tem nas mãos,
mas acredita ter algo, então haverá um problema. Se alguém disser:
"Não há nada", imediatamente começa a briga porque você também sente
que não há nada. O outro o torna consciente desse fato. O ego é falso,
ele não é nada. E você também sabe isso - você, como um ser
consciente, não pode deixar de saber que o ego é simplesmente falso.
Um homem que alcança a consciência do eu nunca se encontra em conflito
algum. Outros podem vir e entrar em choque com ele, mas ele nunca está
em conflito com ninguém.
Somente uma coisa é necessária: simplesmente observar e ver que o ego
é a origem de toda a infelicidade. Apenas, aquiete-se e observe. Você
tem que chegar a esse entendimento. Sempre que você estiver infeliz,
apenas feche os olhos e não tente encontrar alguma causa externa.
Tente perceber de onde está vindo essa miséria: ela está vindo do seu
próprio ego. Se você continuamente percebe e compreende, e a
compreensão de que o ego é a causa chega a se tornar profundamente
enraizada, um dia você repentinamente verá que ele desapareceu.
Ninguém o abandona - ninguém o pode abandonar. Você simplesmente vê;
ele simplesmente desapareceu, porque a própria compreensão de que o
ego é a causa de toda infelicidade, se torna o abandonar. A própria
compreensão significa o desaparecimento do ego.
É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego dos outros. Mas
esse não é o ponto, você não os pode ajudar. Tente ver o seu próprio
ego. Simplesmente aquiete-se e o observe. Não tenha pressa de o
abandonar, simplesmente o observe. Quanto mais você observa, mais
capaz você se torna.
De repente, um dia, você simplesmente percebe que ele desapareceu. E
quando ele desaparece por si mesmo, somente então ele realmente
desaparece. Não existe outra maneira.
Você não o pode abandonar prematuramente.
Ele cai exatamente como uma folha seca.
A árvore não está fazendo nada - apenas uma brisa, uma situação, e a
folha seca simplesmente cai. A árvore nem mesmo percebe que a folha
seca caiu. Ela não faz qualquer barulho, ela não faz qualquer anúncio
- nada.
A folha seca simplesmente cai e se despedaça no chão, apenas isso.
Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência,
e tiver sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua
infelicidade, um, dia você simplesmente vê a folha seca caindo.
Ela pousa no chão e morre por si mesma. Você não fez nada, portanto
você não pode afirmar que você a deixou cair. Você vê que ela
simplesmente desapareceu, e então o verdadeiro centro surge. E este
centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a verdade, ou como o quiser
chamar.
Ele é inominável, assim, todos os nomes são bons.
Você pode lhe dar qualquer nome, aquele que preferir.
Por isso: AQUIETA-TE E SABE!
OSHO
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